Tranconcreto: um manifesto para além do concreto.
Com a consciência do significado e sentido de sua obra, gerada pelo distanciamento e confrontamento propiciado pela viagem à Europa em 93, Odilon Cavalcanti coloca seus valores culturais e pictóricos em 11 frases e 11 pequenas pinturas s/ papel que sintetizam seu pensamento plástico em um pequeno caderno que orienta seu Projeto Manifesto Transconcreto que é editado duas vezes em outdoors pintados à mão: nas ruas do Recife no verão de 1984 e em uma avenida de São Paulo no inverno de 1985, com 22 outdoors pintados e montados à mão pelo artista.22 como 22 são as operações da Opus Magna!
Observe-se que a série é construida pela desconstrução da figura de uma letra pintada em ouro sobre o fundo da obra. Em conjunto as letras formam três palavras de uma frase: E-U Q-U-E-R-0 I-S-T-O, o “fiat lux” da criação:
Na versão 2 formam a frase: “QUERO ISTO AÍ” (sujeito oculto), e o texto retificado nas obras finais:
EU (Identidade) – QUERO (Perspectiva) – ISTO (Essência).
Abaixo, as onze pequenas pinturas da 2a edição do caderno, ilustrando sua frase correspondente (a primeira versão foi perdida na Cidade do Rio de Janeiro, em fins de 1984 ) e o texto do manifesto, além da fortuna crítica:
Manifesto Transconcreto:
Quero uma arte de equilíbrio entre pensamento, emoção e ação.
Quero a cor pura, mesmo que contaminada.
Não quero a figura revelada pela luz. Quero transfigurar pela luz.
Não quero a forma. Quero transformar.
Não quero código. Quero transcodificar.
Quero o suporte plano. Mesmo que se projete no espaço.
Quero a matéria. Só para transcender em espírito.
Quero uma arte libertária: do homem para o homem.
Quero transitar entre a construção e a desconstrução,
Quero transitar entre o inconsciente e o consciente.
Neste fim de século, quando o tempo tende a zero, quero apenas a eternidade.
São Paulo, dezembro de 1993.