Identidade: a primeira exposição individual.

Identidade. Venha conhecer a primeira individual de Odilon Cavalcanti:

 

identidade - identidade secreta
“Identidade Secreta”
Pastel s/ papel
66,5×47 cm
1984

 

identidade - Rio 1952
“Rio, 1952”
(testemunha ocular)
Pastel s; papel
61,5×39 cm
1982

 

identidade - inverno
“As três Estações do Ano são duas: Inverno”
Pastel s/ Papel
56,2x34xm
1981

 

identidade - verão
“As três estações do ano são duas: verão”
pastel s/ papel
66,3x 47,9cm
1982

 

identidade - outono
“Cenas da Exposição do Outro Ano”
Pastel s/ papel
46×65,5cm
1982

identidade - político
“Amarelinha – O Jogo Político”, Pastel s/papel-                         50X70 cm                                              1984.

identidade - black tie
“Black tie”
Pastel s/ papel
65×49,5cm
1980

 

identidade - le voyer
“”Le voyer”
Pastel s/ papel
49,5x65cm
1.980

Crítica da Exposição Identidade, primeira exposição de Odilon Cavalcanti acontecida de 8 à 30 de novembro de 1984 na Galeria José Duarte de Aguiar/Bauhaus, à R. do Redentor. 175 (Esquina da Garcia D’Ávila – Ipanema no Rio de Janeiro.

Conheci Odilon Cavalcanti no final da década de 60, quando frequentava nosso atelier, afim de se aperfeiçoar em desenho, com o artista Gilberto Salvador e enfrentar o vestibular da faculdade de arquitetura.
Naquela ocasião, ainda muito jovem, Odilon passava horas investigando arte, principalmente nossos trabalhos, o que foram de alguma forma suas primeiras influências principalmente no tocante à organização do espaço, no uso consciente da cor e na estrutura construtiva da organização formal, enfim, todos os problemas visuais que nós, Vera Ilce, eu e Gilberto enfrentávamos ao criar.
Odilon aprendeu muito, como também entrou na tão ambicionada faculdade de arquitetura.
Mas logo notou que não era bem aquele aprendizado que sonhara. Ele queria e desejava mesmo era criar imagens.
E criou.

No início da década de setenta Odilon iniciou sua carreira de pintor, participando dos principais salões oficiais do Rio e São Paulo, tendo por sinal, recebido menções elogiosas, principalmente do pessoal ligado á crítica criativa.
Seus trabalhos, naquela época, mostravam perfeitamente seu primeiro contato artístico, que foi: o conhecimento e o convívio com a arte construtiva que fazíamos.
A composição sempre bem estruturada de seus quadros, além do uso equilibrado das cores, buscava sempre, como resultado visual o mínimo de formas para o máximo de informação.entretanto a época era de crise, também no campo das artes e, evidentemente, Odilon, ainda muito jovem, sentiu todos os problemas que uma crise deste tipo ocasiona. para poder se manter e pintar, coisas difíceis num começo de carreira, Odilon procurou trabalhar no campo das artes gráficas, ligado á comunicação publicitária.
Foram anos, praticamente toda a década de 70, que Odilon, além de pintar, também criava campanhas promocionais visuais para a publicidade.
Foi justamente aí, e isto eu julgo muito importante que Odilon desenvolveu uma habilidade e uma técnica gráfica dignas de um mestre do desenho criativo.este aprendizado e esta prática ligados ao conhecimento de problemas sintáticos da comunicação visual, são, ao meu ver, os pontos altos da arte atual de Odilon.
Seus recentes trabalhos, que serão mostrados nestas duas exposições (São Paulo e Rio), denotam um artista extremamente sensível no uso das cores e é aí que seu produto atinge um nível gratificante como obra de arte visual.
Não quero dizer com isso em absoluto, que em uma leitura conscienciosa dos seus trabalhos os elementos da linguagem mais simbólicos, com leves conotações figurativas, não sejam importantes. São. Como também as áreas tratadas com elementos de grafismo aleatórios de belíssima textura, ao examinar em todo seu conjunto o trabalho de Odilon Cavalcanti pude observar o seu interesse e sua devoção pela busca da claridade, isto é, na criação da luz e seus jogos cromáticos emocionantes.
Odilon quase sempre parte do escuro para o claro, criando luz a partir dos tons azulados do cobalto e turqueza e é neste momento que começa a festa para os olhos,quando ele funde em áreas determinadas geometricamente e outras informais: os verdes os magentas, os rosas e os laranjas, algumas vezes cobertos com sutis veladuras, onde, tênues figuras em sépia escura se organizam no espaço em composição, determinando assim o aspecto semântico da obra.
Com isto. o trabalho do artista chega a contagiar o espectador na busca de um elemento surpresa, de repertório conhecido, que é justamente quando o trabalho se completa: obra/espectador.

Maurício Nogueira Lima

Outubro de 1984

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