Construções.
No tempo relativamente curto que conheço o trabalho de Odilon Cavalcanti, tenho presenciado algo que é uma das recompensas, e não são muitas, do crítico de arte: a evolução, para frente e para cima, de um autêntico talento.
Usando de preferência, uma técnica que tão facilmente se presta ao amável, ao “bonitinho” da arte, Odilon Cavalcanti soube evitar todas as armadilhas do fácil e do bonito, para produzir obras que, sem fugir da beleza, apresentam forte rigor formal. Já o título da exposição o diz: “Construções”. Odilon Cavalcanti está ampliando sua técnica: muitos trabalhos dos aqui expostos são pastéis sobre tela, outros sobre papel – que é técnica costumeira – e há também uma aquarela. Tenho a impressão, talvez errônea que Odilon Cavalcanti esteja a caminho do óleo, sem pressa, com a coerência que sempre marca a sua obra. Nesta exposição da Galeria do IBEU, Odilon Cavalcanti consegue unir rigor formal à sensualidade de seu material, sempre na medida certa, sem favorecer um dos lados. No seu refúgio da Ilha de Itamaracá, longe das solicitações e poluições da grande cidade, Odilon Cavalcanti está trabalhando e crescendo. Para assumir – mais tempo, menos tempo – seu lugar na arte contemporânea brasileira.
Um lugar que será importante.
Marc Bercowitz
Rio de Janeiro, novembro de 1987.