Painel Cerâmico de identificação

O Ateliê:

O Ateliê Odilon Cavalcanti é o espaço sagrado no qual o artista desenvolve a obra.

Esta página, além de algumas informações básicas, foi feita para estreitar contato direto com o público e admiradores da obra de Odilon Cavalcanti, portanto, é aqui que o artista se sente mais à vontade para receber visitas interessadas em seu trabalho, em seu convívio e seu mundo.

Nesta visita ao Ateliê, talvez possa conhecer histórias dele e de seus colegas artistas. Histórias provenientes de diversas regiões e países por onde o artista morou ou passou e, talvez, até, se encontrar com um Odilon Cavalcanti mais falante. Coisa rara… Odilon ama o silêncio e a paz, que tornam o espaço sagrado em consagrado.

Histórias de vida que Odilon Cavalcanti toma como lições, procurando aprender com o que não domina. Olhos abertos ao mundo, olhar mais autocrítico do que o crítico, por acreditar que se conhecer é a ferramenta ideal para trazer ao mundo o que lá não está e dar ar, luz, vida à matéria inanimada.

É conhecendo-se que se dá a conhecer. É se dando a conhecer que conhece o mundo. É conhecendo o mundo que se percebe no outro, o que o leva novamente para o conhecimento próprio;

Neste fogo de roda, nessa Rota que Odilon aquece o forno da obra, o seu atanor, seu vaso sagrado. Não é à toa que seu ateliê tem, como acesso, uma cozinha onde prepara seus materiais, sua química, seus pigmentos, onde prepara  a trama do suporte da nova vida que será criada sobre ele.

É por essa “cozinha”,  que o visitante tem acesso ao restante do espaço do atelier que Francisco Brennand  anteviu e descreve imaginária e magistralmente em seu texto crítico que consta do catálogo da exposição individual “O Tempo” no Ibeu – Copacabana em 1989:

O TEMPO

-Que mais vocês aprendiam lá?
-Aprendíamos MISTÉRIO, disse a tartaruga
Lewis Carrol

“Aqui, estamos diante da apoteose do homo faber, daquele que cria objetos ou quadros. Vemo-nos tentados a procurar, nessa categoria de experiência primordiais, a fonte de todos os complexos mítico-rituais em que o pintor ou artesão, divino ou semidivino, são ao mesmo tempo: arquitetos, dançarinos, músicos e feiticeiros. Cada uma dessas funções prestigiosas ressalta um aspecto diferente da grande mitologia da arte e da técnica, isto é, da posse do segredo oculto de fabricação, de construção. Fazer alguma coisa é conhecer a fórmula mágica que permite inventá-la ou fazê-la aparecer de maneira espontânea. O artesão é por este motivo um conhecedor do segredo, um mágico.

Este perfeito e minucioso comentário de Mircea Elíade não difere muito de um outro, aparentemente apressado de Whistler, “a arte acontece”.( )…Novallis costumava definir a Água como a chama molhada e a Luz como o Gênio do fogo. Ele insistia que a Luz é símbolo e agente da pureza; onde ela não tem nada a fazer, nada a unir ou nada a separar, ela passa.

Nas telas de Odilon Cavalcanti, essa mesma luz encantatória posou como uma borboleta marinha e lá ficou, para sempre. Desse assombroso encontro aparecem nas suas pinturas, sob o manso ruído das cores do mar: duas ampulhetas contendo uma espécie de irredimível areia, um astrolábio, quatro pequeníssimas bolas de cristal e também algumas esferas de tamanhos desiguais. Acrescente-se vários globos terrestres, propondo uma impossível geografia, misturando-se a enormes discos de metal, pintados de azul muito pálido e suspensos por fios invisíveis amarrados no telhado alto. Num determinado canto, uma única bússola. Nas paredes caiadas de branco, uma infinidade de relógios sem ponteiros mas cujos pêndulos oscilam no rigor das horas….

Francisco Brennand                                                                                                                                                     1989

 

Para conhecer um pouco mais como o ambiente  participa da obra de Odilon, em breve renovaremos um link para vídeo do Atelier Odilon Cavalcanti  que lhe deseja uma boa e inspiradora visita.