Odilon Cavalcanti teve a chance de ver nascer e crescer, como curador do trabalho do Ecofotografias que sua mulher, Malouh Gualberto, que já tinha a semente da paisagem implantada em sua formação humana e humanística desde suas origens, na hora e na oportunidade certa, fez germinar de maneira natural e vigorosa.
Como curador, Odilon teve a oportunidade também de observar, neste processo, como o olhar fotográfico se instaura na simbiose homem /máquina, permitindo que a identidade de um se expresse pela especificidade técnica da outra, construindo pontes entre luzes e memórias, como as que guardara de infância, quando seu tio Paulo, aficionado da fotografia, instalava no banheiro de sua casa em Botafogo, no Rio, onde então a família morava, um laboratório que só existia à noite e que revelava a magia da imagem a um Odilon encantado.
A memória de infância tornou-se predicado profissional ao exercer durante anos a função de Diretor de Arte e Diretor de Criação de diversas das principais Agências de Comunicação e Propaganda de vários Estados, onde trabalhou com a nata dos fotógrafos brasileiros e por inúmeras ocasiões participou criativamente das produções fotográficas, dirigindo, iluminando e editando-as: Meca, Duran, Chico Albuquerque, Celso Oiveira, Tadeu Lubambo, Fabio Praça e dezenas de outros fotógrafos fizeram parte da lista de fornecedores de imagens para Odilon. Em muitas destas ocasiões Malouh lhe fazia companhia e, por sua vez, acumulava conhecimento e experiências.
Foi, portanto, muito instigante para Odilon Cavalcanti, a oportunidade de evidenciar ao público a riqueza da vitalidade da explosão criativa que o artista pode testemunhar e tratar, de modo curatorial, acompanhando Malouh em suas imersões na matas na intenção de captação das imagens que ela agora mostra em seu site https://www.ecofotografias.fot.br e, neste processo que deu-se dentro da mesma naturalidade a aproximação com o registro e o olhar fotográfico, que em Odilon manifestou-se, diferentemente do olhar paisagístico de Malouh, como um olhar ao pequeno, ao detalhe, à nuances de luz e às baixas luzes.
Naturalmente que o neste processo a bagagem de Odilon Cavalcanti como artista visual e artista gráfico passa a acrescentar um olhar próprio que resulta em ensaios, séries e estudos onde Odilon registra, desenvolve e agora apresenta, incorporado ao seu próprio patrimônio visual, aqui, ao seu público, com a mesma alegria da criança que, um dia, descobriu a magia de um laboratório fotográfico que, como os sonhos, só existia à noite.