O tempo, o rastro, a obra

Hoje completo sessenta e cinco anos de vida  pensando nos cinquenta de obra.

Para um artista, principalmente para um pintor, para quem aproximar-se dos cinquenta anos de trabalho é considerado como tempo mínimo de maturação de uma obra, segundo alguns dos mais importantes deles. O pintor completo.

É que, muito além do talento, da habilidade técnica, da orientação conceitual, a maturidade pictórica reside no acumulo da experiência e do aprimoramento da percepção:  vida e objeto de reflexão da luz, sejam elas avaliadas pelo ponto de vista material ou espiritual.

Nesta idade, a fatura (a técnica por ele desenvolvida), já se consolidou em linguagem pessoal, quer queira ele ou não. As opções  estéticas já ficaram claras, mas os entraves da necessidade de agradar ou as ilusões da glória fácil que seduzem jovens,  já se desvaneceram no traçado  inconsistente de tudo  que é sólido: sobraram a identidade, a trajetória e a o conjunto da obra. Nesse momento, não tem como o artista não acordar para a vida. Não a sua, mas da obra em si. Tudo o que ainda não foi feito torna-se urgente, iminente. Tudo o que já foi feito assume seu real valor: suas mostras, sua participação na cultura de seu povo, suas escolhas e suas ações educativas e de cidadania.

“O Pote do Tempo ao meio”
Óleo e pastel s/ tela
100x100cm
1985

Olho para o que passou como um alquimista que escolheu a via longa, certo de que a via curta traz vantagens que, fatalmente, serão perdidas nos perigos da velocidade da imaturidade e que dão poderes que, quando não mal utilizados, vão como vieram, rapidamente…

Ao escolher a via longa, sabia que com ela muitas dificuldades e frustrações estavam no caminho, mas ao fim dele tinha uma pedra, tinha uma pedra filosofal no fim do caminho. Olhando para trás, hoje, vejo o futuro e reconheço em vários momentos da trajetória, a consciência do tempo e as oportunidades que ele traz.

Por isso, em gratidão pelo meu caminho e consciente que cada leitor deste post faz parte dele,  ofereço um presente aos meus amigos e observadores da minha obra neste meu aniversário, liberando o direito de uso não comercial  como descanso de tela para computadores e celulares pessoais as imagem  de uma série muito importante de meu trabalho que é a Coleção  Sul América

“A Hora da Infância”
Acrílica e guache s/ papel
50×72 – 1986
Foto:Tadeu Lubambo

que foi toda  adquirida por um dos maiores colecionadores do meu trabalho e hoje está na Europa e aproveito para convidar para que visitem também a página de minha exposição individual “Em Tempo” de 1989,  Premio Ibeu de Melhor Artista de 1987.

“Equilíbrio”
Pastel e óleo s/tela
90x90cm
1985

Gostaria de aproveitar para informar a cada amigo, admirador ou colecionador que queira participar das comemorações dos meus 50 anos de atividade, que estão sendo pensadas para os próximos dois anos, que todo apoio financeiro, logístico, espiritual ou moral é parte  fundamental desse processo de criação de futuro e que terei muito prazer e alegria de recebê-los através de email ou chat no face.

Antecipadamente agradeço.